domingo, 26 de setembro de 2010

VELEJADA EMBAIXO DE CHUVA

Domingo, o sol raiou meio envergonhado e desde ontem prometi ao TITA que iríamos dar uma gostosa velejada, cheguei ao clube as 8hrs e fui direto ao TITA:
- E aí como vc esta meu amigo?
- O que vc acha? Os veleiros são feitos pra estarem dentro dágua e eu estou aqui em cima desta carreta ressecando meu casco, além do mais vc me abandonou há mais de 40 dias!
- O amigão, estive longe, mas agora estou de volta e prometo que vamos ter uma temporada agitada!

O TITA, esta agora com um suporte de inox na popa e ganhou também um bimini pouco funcional, mas vamos melhorar.                                                                                                                           
Saindo do clube, o TITA deixando a sua esteira.
As 8:30hrs mobilizei os sempre dispostos funcionários do clube para descer-mos o veleiro e as 9hrs ja estava navegando. Deixei o motor ligado carregando as baterias e marquei no piloto o rumo 90 graus sul. Rumo dado, o veleiro no rumo certo e eu fui recolhendo os cabos e organizando os objetos a bordo.
O vento que na previsão era de sul a sudeste ainda não tinha dado as caras e o barômetro contrariando a previsão ja estava baixando, indicando tempo ruim.
Não demorou muito pra chuva chegar com um vento sudeste fraco.
Próximo da ilha do Largo, levantei as velas e desliguei o motor, agora sem barulho e sem o cheiro do diesel e TITA velejava bonito rumo a casa do Sr. Basílio que nos esperava para o almoço.
Passando a Ilha do Largo com todo pano
A menos de uma milha da chegada, liguel novamente o motor, baixei as velas e recolhi a isca artificial que não havia pescado nada.
No Ribeirão da Ilha, por incrível que pareça em determinados locais no meio da baía a profundidade é de 2mts e quando nos aproximamos da praia a profundidadeno de repente cai para 6mts.
Olho na Sonda e âncora ao mar na profundidade de 2,5mts, como não temos caíque o geito foi tirar a roupa e pular na água pra nadar os 200mts até a praia pra almoçar uma carne assada daquelas!
Dei um mergulho com a máscara para checar a profundidade abaixo da quilha, havia uma lâmina dágua de aproximadamente 1metro, mas como a maré estava enchendo não haveria problemas.
Tempestade a vista, não demorou muito pra ela chagar!
Barriga cheia, dei uma olhada no TITA e pude ver ele bem fundeado no ancoradouro, deitei no sofá e tirei um soninho gostoso. Quando eu acordei a chuva estava torrencial, e não via geito de ela parar, quando era 17hrs da tarde eu tomei a decisão de voltar ao veleiro e preparar nossa saída. Agora com chuva forte e vento leste com rajadas de 20 nós, liguei o motor e enquanto o barco saia devagar eu recolhia a âncora, depois por ter nadado até o barco eu entrei na cabine pra trocar as roupas molhadas pelas secas quando escutei o apito do quadro do motor, avisando que o motor não estava refrigerando.
O TITA velejando bonito na direção da ponta da caiacanga
No mesmo instante uma forte rajada de leste entrou atravessando o veleiro. O engraçado era ver eu de cuecas na chuva, correndo no no convés com as velas pra poder dar rumo ao barco e livrar-nos das bóias da marisqueira que se aproximava.
Após conseguir me trocar o barco navegava bonito e quando eu olhei pra popa vi a coisa feia, uma tempestade estava se formando e seria uma questão de tempo até ela chegar!
O vento leste ficou ainda mais forte e o TITA velejava a 7nós somente com um pedaço da genoa.
A noite caiu como um breu e tudo que se via era as luzes da cidade ao fundo.
O vento caiu para uns 15 nós e decidi levantar a vela grande. A velocidade que era de 3 nós subiu rapidamente para 7 nós e foi assim nessa pegada que o TITA velejou até a proximidade da ponte Hercílio Luz.
Estava ja bem próximo do clube quando o vento acabou, baixei as velas e liguei o motor somente para a manobra de entrada no clube. Entravamos devagar quando senti a quilha tovar no fundo. Acelerei para vencer o encalhe e o motor berrou outra vez, mais uma acelerada e desliguei o motor!...com o embalo fomos nos aproximando lentamente da trapiche e pude pular no cais e amarrar o TITA exatamente as 19:50hrs da noite. Ja em segurança deitei no poço e relaxei com o sentimento de missão cumprida!
Meu avô, tranformando um guarapivu na sua próxima canoa.
- E aí amigão, apesar desse motor manhoso armar pra gente, demos um geito de chegar em segurança hein!
- Verdade, mostramos pra ele que se ele não funciona, nós vamos mesmo sem só com as velas;
- É isso aí amigão, até porque o nosso motor mesmo é o vento, não é?!...boa noite.
- Boa noite!...ah ve se não me esquece!
- Claro que não, estamos só começando!